Conhecida como a ilha do “leve-leve”, em São Tomé saboreia-se a vida a um ritmo demorado-leve. Sem pressas, sem complicações.
O que esperar de São Tomé
Se procuram monumentos, museus, grandes cidades e praias cheias de infra-estruturas para turistas… não vão! Ou então vão, mas fiquem-se por um dos poucos resorts e desfrutem das paisagens fabulosas.
Pelas estradas de São Tomé vão passar por poucos carros, vão antes cruzar-se muitas vezes pelo povo a pé. O saneamento básico e a eletricidade não chegam a grande parte da população. Assim sendo, são obrigados a caminhar em direção aos lavadouros públicos e aos rios, para lavar a roupa e a loiça. Crianças e adultos percorrem as estradas a pé, tantas vezes descalços, equilibrando os alguidares da roupa e da loiça à cabeça. A roupa estendida no chão, na berma da estrada, ou nas pedras do rio é uma constante por lá, assim como as mães com os bebés às costas em panos.




Ao passarem na estrada ao fim do dia, vão ver pequenos grupos de pessoas amontoadas à porta de barracas de madeira (cafés/mercearias locais), a espreitar lá para dentro.
Sabem o que estão a fazer? Até podem estar a conversar enquanto bebem um copo de vinho de palma, mas estão ali sobretudo para ver televisão, porque muitos não a têm em casa.
Já tínhamos ido a São Tomé há 10 anos. Seria injusto não referirmos que notámos algumas melhorias.
Construíram um novo mercado na capital e houve um crescimento a nível do comércio, restauração e alojamento. Muito se podia (e devia) ainda fazer para além disso.
Na saúde, no saneamento e na recuperação do valioso património colonial, há ainda um longo caminho a percorrer. Deparamo-nos com casas coloniais ao abandono, edifícios das roças degradados, asfalto esburacado. A manutenção não escapa ao ritmo leve-leve!
Como ajudar
O facto de São Tomé ser uma ilha implica acrescentar ao preço dos produtos que vêm de fora o custo da sua importação.
Juntamente com a falta de postos de trabalho, fica assim muito limitado o acesso da maior parte da população ao que para nós são bens essenciais.
Pasta/escova de dentes ou um simples paracetamol para a febre escasseiam em São Tomé.
Se tiverem possibilidade, vão e aproveitem para marcar a diferença levando destes bens essenciais. Podem ainda entregar nas escolas material escolar, roupa e brinquedos.

Há possibilidade de não gostar de São Tomé?
Há. Se gostam de estar no vosso canto, se a abordagem de pessoas locais vos incomoda, então São Tomé é uma péssima ideia. Ou então, mais uma vez, fiquem apenas pelo hotel, vale pela paisagem.
As praias fora dos hotéis são, como referimos, desertas. Pela areia da praia não passam turistas. Passam antes crianças vindas da escola, de mochila às costas, adultos com alguidares à cabeça ou com molhos de lenha. Todos paravam junto de nós, mas não era aquela paragem aborrecida, para impingir coisas. Não se tratavam de vendedores sequer. Eram apenas pessoas simpáticas, com uma curiosidade inocente, ávidas por falar um pouco com os brancos.
As famílias de São Tomé fazem praia apenas ao domingo, levam comida para piquenique e passam o dia na praia. No entanto, durante a semana, não sabemos bem de onde, apareciam sempre miúdos para brincar com os nossos fugitivos, por isso dizemos que fizeram amigos todos os dias.


É um país realmente pobre. Vão preparados para isso, mas não tenham pena – são gente feliz (e leve-leve)!
Se pretendem ir a São Tomé têm todas as informações necessárias no nosso Guia de Viagem de São Tomé.