Provavelmente já ouviram falar nas roças de São Tomé, mas sabem o que são ao certo? Antes de começarmos este roteiro pelo sul de São Tomé, vamos contextualizar-vos.
Afinal o que são as roças?
As roças são terrenos onde estão implantadas todas as estruturas agro-industriais necessárias ao cultivo ou fabrico de determinados produtos. Cacau, café, cana de açúcar e óleo de palma eram os mais comuns em São Tomé. Fazem também parte das roças as casas dos administradores e dos trabalhadores (inicialmente escravos), chamadas de sanzalas. Conforme o tamanho da roça, tinham ainda hospital, maternidade e escolas.
São Tomé tem cerca de 200 roças, das quais poucas se mantêm em funcionamento. Muitas caíram ao abandono e estão lamentavelmente bastante degradas mas continuam habitadas. São um legado incrível da cultura Santomense, de uma beleza arquitetónica gigante e merecem uma visita.
Roça Água Izé
Começamos o roteiro a sul de São Tomé por uma roça, a Roça Água Izé, a 16 km a sul da capital, esta é uma das 200 roças.
Ao chegar somos abordados por um jovem com uma credencial ao peito – um guia e morador da roça. Oferece uma pequena explicação sobre a sua história e funcionamento a troco das dobras que lhe quisermos dar. Acompanhou-nos ao interior do antigo hospital, agora teto de muitos, mesmo não tendo teto em algumas zonas! Enquanto isso, o nosso carro era invadido pela curiosidade dos miúdos da roça.
O guia explicou-nos que a Roça Água Izé em tempos produzia cacau, tinha caminho-de-ferro próprio para transportar o cacau da fermentação para os secadores e destes para os armazéns.
Atualmente a produção está parada, mas ali perto há uma cooperativa onde ainda o fazem. Fomos até lá.
Explicaram-nos os processos da produção do cacau, mostraram-nos o cacau nos secadores e as trabalhadoras a selecionarem os grãos manualmente, um a um.
Boca do Inferno
Depois de visitar a Roça Água Izé e a cooperativa de cacau, dirigimo-nos para a Boca do Inferno. Na Boca do Inferno há um canal de água do mar que ao bater nas rochas vulcânicas faz bastante barulho e muita espuma, o que leva a associarem-no ao demónio, daí o seu nome. A paisagem não é do inferno, mas sim do céu, passem por lá.
Aproveitem para almoçar logo ali ao lado, no Restaurante Complexo Mirador, com uma varanda com vista deslumbrante para a boca do inferno. Comemos bom peixe grelhado a menos de 10€ por pessoa. O ritmo do atendimento é o da ilha: “leve-leve”, portanto vão com tempo.
Praia das 7 ondas
Se quiserem dar uns mergulhos podem descer uns 3km e parar na Praia das 7 Ondas. Não tem infra-estruturas de apoio (há um bar de praia mas quando fomos não tinha bebidas nem comida, apenas alugava material de surf). Não alugam chapéus de praia, mas a sombra das palmeiras é bem melhor e a custo zero.
Andávamos com alguns snacks na mochila, poisámos a toalha e aproveitámos a praia até escurecer. Vimos alguns turistas apenas de passagem, na areia éramos os únicos.
Esta praia tem um areal extenso e um mar viável para ir a banhos com os miúdos, apesar de ter ondas surfáveis.
Esta foi a praia preferida dos nossos miúdos, até porque apareceram sempre meninos de São Tomé para brincar.
Praia da Colónia Açoriana e Praia Micondó
Continuando a rumar a sul, a Praia da Colónia Açoriana e Praia Micondó também são bonitas. Para acederem à praia de Micondó devem estacionar perto da estrada e andar um pouco a pé, por um ribeiro.
Estes ribeiros que há junto às praias, cuja água nos dá pelos tornozelos, servem de chuveiro para os miúdos Santomenes. No final de um dia na praia passam por ali, agarram na água com as mãos, espalham pelo corpo e está o sal tirado/banho tomado.
São João dos Angolares
Ligeiramente mais abaixo fica São João dos Angolares, onde encontram um espaço muito agradável para comer e/ou dormir, o Restaurante Pensão Mionga.
Apesar das refeições serem para turista, a comida é local e muito boa. Têm menus a 10€ por pessoa que incluem: diversas entradas típicas; 2 ou 3 espécies diferentes de peixe grelhado acompanhado de fruta-pão, banana-frita, arroz e feijão, e sobremesa. Café à parte.
A Roça de São João dos Angolares parece também merecer uma visita. Sabemos que tem menus de degustação (com boas críticas) mas não fomos até lá.
Pico do Cão Grande
Nesta rota pelo sul surge na estrada a determinada altura uma elevação rochosa vulcânica de pano de fundo, o Pico do Cão Grande, com uma impressionante altitude de 663 metros.
Outros locais a visitar a sul
O nosso percurso até ao sul de São Tomé ficou por aqui. No entanto, no extremo sul da ilha têm várias praias dignas de visita, como a Praia Piscina, Praia Jalé e Praia Inhame. Nesta última encontram o Inhame Ecolodge, que nos parece uma boa opção para alojamento no sul. O Jalé Ecolodge, na Praia Jalé, também nos parece interessante para dormir umas noites a sul.
É a sul que têm a possibilidade de assistir à desova das tartarugas. Podem procurar mais informação no site do Programa tatô.
Ainda pelo sul, em Porto Alegre, podem apanhar o barco de 15 minutos para o Ilhéu das Rolas, atravessado pela linha do Equador.
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